quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Prólogo: Parte IV

Eirik sem saber do ocorrido entrou na tenda e pediu permissão para falar.
- Pode falar. – Disse Wulfgaard.
- Johan. A mulher saxã deseja falar com você.
- Que mulher saxã é essa? – Dando um soco na mesa, Koll se levantou. – Estavam escondendo ela de mim seus porcos?
Com esse insulto Koll criou um alvoroço entre os nossos homens e os seus. Xingamentos eram dirigidos das duas partes, alguns homens empunhavam espadas e outros já trocavam socos. Então Wulfgaard impôs o seu poder.
- Já basta! – Wulfgaard deu um brado e com um machado que estava nas mãos de um homem próximo a ele, deu um golpe na mesa de carvalho que fez com que ela rachasse ao meio.
- Você! Seu verme filho de uma vaca! Não venha aqui beber da minha bebida, revistar a minha aldeia atrás de uma mulher que você não soube domar e por fim insultar a mim e aos meus homens. - Wulfgaard estava com o espírito de guerra falando mais alto.
- Como ousa tratar assim o meu filho? – Ulfrik teve que falar pelo filho. – Vocês todos que são iguais à bosta que eu cago! Estão pedindo para morrer!
- Tente a sorte velho. – Wulfgaard encarava Ulfrik. – Estamos em maioria e mesmo que eu morra os homens que aqui estão, irão fazer com que você pague caro.
Tudo estava indicando que haveria uma matança ali naquela manhã. Nenhum dos dois lados aceitaria ser insultado e ficar por isso mesmo. Mas por causa de uma pessoa, a carnificina não aconteceria. Pelo menos por hora.
De início não notei que quem estava vindo era a mulher que encontrei aquela noite. Aquela figura suja e feia já não existia mais. Ela vinha com um vestido branco até os pés e mangas compridas, seus cabelos que antes estavam sujos e embaraçados, agora formavam uma grossa trança que caía pelas costas. Agora pude ver seu rosto e quase sentir a textura de sua pele. Ela estava séria, olhando fixamente para mim, mas não demonstrava medo algum. Possuía lindos olhos azuis, lábios bem desenhados e volumosos. Sua beleza era tanta naquela manhã que parecia uma princesa. E como a maioria das pessoas, era mais alta que eu, mas não mais que um dedo. Não falei nada ainda, mas sou bem mais baixo que a média dos homens do norte. Dizem que não cresci mais porque meu pai não seguiu corretamente os sacrifícios para Odin. Seja o motivo que for isso nunca me impediu de ser um bom guerreiro. E isso, eu sabia que era.


- É ela! A prostituta saxã que fugiu! – Koll estava de pé apontando para ela. – Hoje você vai ser domada minha égua xucra. – Nisso segurou-a pelo braço e a puxou para perto dele.
- Ainda não verme desprezível. – Wulfgaard queria sangue. – De quem é esta mulher?
- Essa mulher e minha! Eu que a encontrei nas minhas terras! – Koll reivindicava a posse de Ailith
Ele a tratava como um pedaço de carne. Apertando, cuspindo e humilhando a mulher mais bela que eu já pude contemplar. Ela olhava para mim. Parecia saber que eu teria que intervir. Então, já sabendo que esse seria o meu destino e não teria como fugir dele – nem queria fugir. – fui lutar por ela.
Levantei-me de onde estava e falei alto e em bom tom para que todos ouvissem.
- Essa mulher está sob os meus cuidados, e só irá sair daqui se minha espada falhar, meu escudo rachar e meu espírito tombar.
- Olha como fala comigo! Vai morrer por causa de uma prostituta! – Koll me encarava.
- Para mim, você é apenas um monte de bosta com uma mulher em uma mão e uma espada na outra. – Disse rindo.
Novamente o alvoroço. Homens bêbados e de espada nas mãos nunca davam uma boa coisa.
- Silêncio seus bastardos! – Mais uma vez Wulfgaard se impôs sobre nós. – Vermezinho... Johan quer um combate homem a homem pela posse da mulher. Aceita ou desiste?
- Não acho que essa prostituta valha o gume de minha espada ou uma lasca de escudo. – Koll falou na defensiva.
- Eu já sabia que você era uma bosta. Agora, uma bosta que desiste sem lutar... Nunca conheci uma bosta covarde. – Falei escarnecendo.
- Pois bem seu porco, teremos uma luta. – Koll desembainhou sua espada. – Só você e eu.

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