segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Capítulo I: Um Novo Começo. Parte III

A cidade já estava sendo iluminada com tochas e as fogueiras nos muros também estavam sendo acesas. Desci pela rua e encontrei a taverna. Não foi difícil. Um homem jazia caído no próprio vômito à porta. Precisei passar por cima dele para entrar. Ele apenas soltou um gemido quando pisei em suas costas.

Lá dentro havia bastante gente. Poucos saxões e muitos dinamarqueses. Me sentei em um canto e em pouco tempo uma ruiva, de ancas largas e seios fartos, me deu uma caneca com cerveja e um pedaço de pão. Comi e bebi enquanto ouvia uma canção de um Skald que animava a noite. Soltei um forte riso quando alguns homens derramaram cerveja em uma prostituta e começaram a lamber seu corpo nu, enquanto ela se torcia de cócegas e ria.

Passei algumas horas naquele lugar, mas saí antes que ficasse completamente bêbado. Tinha que levar o tal padre em segurança até a aldeia. Subi a rua indo para a casa onde passaria a noite quando, meu caminho foi bloqueado por três homens.

- Então você é o famoso homem que arrancou os dentes do Havard aqui. – Olhei e vi que o homem que eu havia socado estava ao seu lado.

- E arranco os que ainda sobraram, e o de vocês dois se não me deixarem passar. – respondi já segurando o punho de Sangue Fresco.

- Antes que retirasse a sua espada da bainha, já estaria morto no chão como um porco velho. – O homem que falava era novo, bem mais que eu. Na verdade era um garoto ainda, e falava bem calmamente. – Olhe para trás seu cão sarnento.

Olhei e vi que haviam dois arqueiros prontos para disparar ao sinal daquele garoto com cara de bobo.

- Meu nome é Ingvar Asgeisson. Sou filho de Asgeir, o Manco. – Ingvar deu dois passos na minha direção. – Não vim aqui matar ninguém, irmão. Pelo contrário. – Assim como o pai, era espontâneo e me deu um típico tapa no ombro. – Soube que estava na taverna e vim para bebermos juntos.

- Agradeço, mas amanhã partirei cedo com o padre.

- Isso não é problema – Ingvar sorriu. – pois amanhã partirei com vocês.

- Quem disse isso? – Perguntei já irritado. – Para mim, tomar conta de um padre velho já é o suficiente. Não levarei um garoto comigo.

- Então amanhã fale com meu pai sobre sua recusa. – Ingvar passou por mim e com ele os dois homens. – Os cavalos estarão selados ao amanhecer. – E dito isso, se foi.

Continuei meu caminho até a casa em que ficaria. O cômodo era apertado e deveria haver umas dez pessoas ali. Deitei-me no chão de junco e fiquei pensando em um bom motivo para levar Ingvar comigo. Pensava também em Ailith. Como queria estar com ela naquela noite, e em todas as outras também. Não sabia o que as Norns teriam para nosso futuro, por isso, queria passar cada noite com ela. Realmente eu não imaginava o que estava por vir.


- Senhor. – Senti algo tocando meu braço e desembainhei Sangue Fresco. – Calma senhor. Apenas o acordei por que um padre o chama lá fora. – Era um dos homens que habitava na casa e pelo jeito era aldeão.

- Dá próxima vez que me acordar assim, vai perder o braço.

O homem se afastou e saiu da casa. Uma mulher me trouxe uma vasilha com água para lavar o rosto, tirar o gosto ruim da boca e limpar o nariz. Depois que terminei, ela levou para outro homem. Mal saí da casa e só deu tempo de perceber que o céu estava em um azul sereno, sem nuvens e o sol brilhando com força, quando uma figura roliça e mais baixa que eu veio ao meu encontro ainda na porta da casa.

- Bom dia senhor Johan! – O homem era bem alegre e espontâneo. Não sei o motivo de tanta alegria assim. – É bom conhecer o homem que me levará em segurança até a aldeia de Withburga.

- Em primeiro lugar padre, eu não sou senhor de bosta alguma. E em segundo, eu levarei você, mas não garanto segurança. Até porque, se alguém quiser matar um padre, não vou me meter.

- Ah meu filho. Então apenas me leve até lá, pois minha segurança está em Jesus Cristo. – O padre abriu os braços e olhou para o céu.

- Espera segurança do deus que morreu preso na cruz? – Gargalhei diante disso.

- Se está rindo tanto, por que carrega uma cruz em seu peito? – o padre estava com um risinho no rosto.

- Acho que você deve fazer menos perguntas se quiser continuar vivo, padre.

- Acha que a morte me intimida, guerreiro? – O homem de meia idade agora possuía uma expressão séria enquanto falava. – Eu sei que quando morrer estarei face a face com o meu Deus. E você? Tem certeza de que irá falar com seus deuses?

- Não tenho certeza de nada padre. Meu futuro é tecido pelas Norns, não por mim.

- Interessante a crença de vocês pagãos. – o padre tinha voltado a ser alegre agora. – Pode me dizer guerreiro. Essa cruz foi dada por sua mulher. Certo? – Ele estava com um risinho no rosto.

- Sim padre, foi dada por minha mulher. Agora podemos ir? Estou com fome.
- Podemos filho. E pode me chamar de padre Baldwyn, ou apenas Baldwyn se preferir.

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