quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Capítulo II: O Teste de Ingvar - Parte VI

Naquele dia não importava quem era o rei de Wessex, pois nós éramos vikings ansiosos por um bom saque e pelo sangue de alguns monges medrosos. Fomos para o sul, vadeando a costa, e víamos pessoas nos observando ao longe. Para o povo que viva no litoral, a imagem de um navio com uma cabeça de dragão na proa e uma serpente na popa, dava medo. Não havíamos colocado quase nada no interior do barco, mas estávamos certos que o saque seria grande, portanto voltaríamos com o navio atulhado de objetos. Como não havia dinamarqueses ao oeste de Lundene, ainda haveria prata, ouro e alimento para o inverno.

Quanto mais ao sul nós íamos, mais o sol sumia e as nuvens ficavam mais escuras. Uma chuva fraca caía e junto com ela a noite chegava. Como não havia estrelas, não poderíamos navegar noite adentro, então ancoramos em uma pequena enseada que encontramos e ali passamos a noite.

Durante a noite, a chuva aumentou e os ventos também. Foi um momento de tensão, pois as ondas fortes poderiam empurrar o Cavalo do Mar nas pedras, mas nada aconteceu e em pouco tempo a chuva e os ventos cessaram. Pelo que vimos, Njord tinha gostado do sacrifício e nos poupado aquela noite, e ainda nos deu um grande presente pela manhã.

Nos preparávamos para sair da enseada quando avistamos um barco pequeno de três remos. Ficamos observando e não parecia que havia guerreiros a bordo, então destapamos os buracos, colocamos os remos na água e fomos em direção ao barco solitário. Se avistássemos guerreiros bem armados, talvez deixássemos ele partir. Wulfgaard, assim como todos os outros jarls, não podia perder muitos homens em batalha, porque teria que esperar até a primavera para que outros chegassem. Por isso só se lutava contra o que era possível vencer, ou, o impossível de ser evitado.

O barco estava indo para leste, mas quando nos avistou indo em toda velocidade em sua direção, se virou para o sul. Não tinha como fugir. De fato não era um dinamarquês, parecia ser franco, e isso nós confirmamos quando chegamos mais perto e vimos o homem gritando em seu idioma para que remassem mais rápido, enquanto outro homem, de pé na proa, chicoteava os remadores. Seus remos subiam e desciam com força, mas o Cavalo do Mar era mais veloz e, assim fomos chegando perto da popa e avançamos pelo lado direito. Puxamos nossos remos e emparelhamos na lateral do barco, quebrando todos os remos deles. Vi remadores caindo dos bancos por causa do impacto do remo quebrando no peito. Não chega a matar, mas quebra umas costelas.

Eu estava vestido para o combate, que não passou de um massacre, mas quando as espadas levantam, o sangue jorra e os homens caem, não importa se é batalha ou massacre, só importa o prazer. O prazer de sentir a vida de um homem terminando em suas mãos.

Prendemos o barco ao nosso e nos preparamos para pular. Não havia motivo para fazer uma parede de escudos, os remadores não eram guerreiros, os homens que os comandavam eram apenas três e o dia era nosso.

- Sangue! Por Thor! – Wulfgaard rugia enquanto pulava e acertava Morte Fria no rosto de um dos comandantes, que caiu com um buraco entre os olhos, que não paravam de sangrar.

Fui em direção ao homem que estava no leme, pois possuía um elmo com placa facial todo decorado em prata e bronze, e eu o queria para mim. Um dos remadores veio em minha direção com os braços erguidos acima da cabeça e segurava uma espada. Antes que ele pudesse me golpear,enfiei Sangue Fresco em sua garganta e sua espada caiu para trás, enquanto ele caía e levava suas mãos ao ferimento. Chutei sua cara e fui ao homem que já havia largado o remo leme, e agora segurava uma bonita espada e um escudo. Um remador caiu à minha frente com uma flecha enterrada no peito nu. Foi só o tempo em que me distraí olhando-o, que o homem veio para cima de mim gritando feito um filhote de cão com fome. Ele me golpeou, cortando o ar pela direita, mas aparei o golpe com meu escudo. Dei uma estocada e ele se afastou antes que minha lâmina encostasse em sua cota de malha. Ele xingava e cuspia em minha direção, então tentou golpear meu tornozelo. Girei o corpo e sua espada foi ao vento. Ele se desequilibrou e eu o empurrei com meu escudo, fazendo com que ele caísse. Vendo que não tinha como viver, ainda tentou se levantar e lutar, mas coloquei Sangue Fresco em sua garganta e exigi saber quem era.

Nenhum comentário:

Postar um comentário